TER ESCOLIOSE SIGNIFICA SOFRER ETERNAMENTE?

Com certeza que não, mas, primeiramente, vamos entender o que é a escoliose. A nossa coluna é naturalmente curva e já na antiguidade dizia Hipócrates que há muitas variedades de curvas da coluna, mesmo em pessoas saudáveis, dependendo da conformação natural e do hábito.  Mas, se essa curvatura lateral da coluna vertebral estiver alterada quando olhada sob o ponto vista posterior, é chamada de escoliose.

No entanto, a escoliose não é uma doença e suas causas ainda são pouco conhecidas. Uma grande porcentagem de casos de escoliose deve-se a traumas e atividades que sobrecarregam a coluna mais de um lado do que de outro, resultando em crescimento alterado. Imagine uma jovem árvore, desenhada para crescer para cima e reta, e não torta. Se a árvore jovem está torta por algum motivo, vai crescer torta e acabar como uma árvore adulta com desvio. O mesmo se dá com a nossa coluna.

Por trás dessa condição, há, na realidade, uma estratégia de nosso corpo que faz muito sentido. Como devemos sempre estar com nossos olhos nivelados com o chão para poder desempenhar tudo que fazemos e receber e processar toda a informação visual corretamente, a coluna compensa criando desvios na sua extensão para permitir isso. A coluna curva-se para compensar as curvaturas e subluxações geralmente criando uma curva compensatória para o lado oposto, deixando a cervical reta e então nivelando os olhos com o chão.

Quando problemas estruturais acontecem na infância, podem afetar o alinhamento de forma mais severa, pois os músculos e o alinhamento do corpo jovem são mais moles e menos tensos e não protegem a coluna tão bem como aqueles músculos do adulto. Por isso, subluxações causadas nesta fase da vida podem ter efeitos profundos na fase adulta, que devem ser corrigidos o mais breve possível depois do incidente que os causou.

Subluxações causadas cedo na vida também podem resultar em escoliose compensatória. O que seria? O desvio no alinhamento resulta no encurtamento de músculos, tendões e ligamentos no local da subluxação, em geral, de um lado da coluna, enquanto do outro lado, os músculos da mesma altura podem se alongar. Passados vários anos de crescimento, essa condição fica muito difícil de ser revertida. Outras situações tão simples como carregar a bolsa sempre do mesmo lado ou dormir de bruços devem ser observadas e evitadas nessa fase de crescimento da vida.

É importante lembrar que somente uma coluna perfeitamente alinhada consegue funcionar corretamente. Qualquer grau de escoliose vai ter efeito no funcionamento da coluna, intensificando a velocidade que ela degenera e dificultando a transmissão dos impulsos nervosos do cérebro ao corpo. As decisões terapêuticas em casos de escoliose são quiropraxia, observação, uso de colete e cirurgia.

Independentemente da severidade da escoliose, a mobilidade vertebral deve ser mantida de maneira contínua, a fim de permitir a transmissão dos impulsos nervosos entre o cérebro e o corpo, e então minimizar o risco de complicações da saúde.

Se a curvatura da coluna for menor que 20 graus, é considerada leve, não sendo indicada cirurgia ou intervenção médica. Casos assim devem ser monitorizados regularmente, em especial, durante a fase de maior crescimento (10-15 anos), para verificar se está piorando e deformando mais.

Se há uma piora de 5 graus (ou mais), o uso de colete deve ser considerado. Isso representa uma situação frustrante para pais que sentem como se estivessem olhando o problema e esperando-o piorar sem poder fazer algo por isso.

Se a curvatura for entre 20 e 40 graus e apresenta um quadro de piora, a maioria dos ortopedistas recomenda o uso de colete (que evita o avanço da curvatura e ajuda no direcionamento do crescimento). Assim o propósito do colete não é corrigir a curvatura, mas evitar que ela piore.

Geralmente o colete é usado por 23 horas a cada dia até a maturidade óssea, combinado com exercícios e ajustes quiropráticos. Durante esse período devem ser tirados raios X a cada três meses para monitorar a progressão.

Os pais devem estar muito certos de que realmente a escoliose está piorando para optarem pelo uso de colete, porque usá-lo nessa fase da vida pode acarretar efeitos profundos na criança. Além da limitação na mobilidade da coluna, pode causar efeitos psicológicos, parecidos com os que as crianças passam com aparelhos nos dentes: não são confortáveis e limitam por muito tempo as atividades que veem outras crianças fazerem.

Se isso não funciona e a curva continua a piorar, a cirurgia poderia ser recomendada, com medidas tão sérias como a colocação de barras metálicas (barras de Harrington) em cada lado da coluna para estabilizá-la ou um sistema de fios e parafusos (procedimento Dwyer).

Enquanto para alguns casos é realmente necessária a cirurgia, deve-se lembrar que a coluna é uma estrutura dinâmica e, nas escolioses, certas regiões perdem sua mobilidade devido às alterações da biomecânica normal.

Casos de escolioses importantes podem ter consequências sérias, como problemas cardíacos, pulmonares, digestivos ou reprodutivos que aparecem mais adiante na vida devido à compressão nervosa causada pelas subluxaçãoes em numa coluna escoliótica.

O intensificação da curvatura pode ser retardada ou impedida de progredir em muitos pacientes, por meio de exercícios simples, ajustes quiropráticos e mudança de hábitos.

Obviamente uma pessoa com escoliose que escolha uma vida sedentária estaria pedindo por problemas, pois sua “máquina principal“, a coluna vertebral que já está comprometida em sua função normal, seria inativa e imóvel por longos períodos durante sua vida.

As pessoas que tem escolioses e escolhem esse tipo de vida sofrerão dor séria e outros sintomas, enquanto outras pessoas com o mesmo grau de curvatura, porém, com vidas ativas, que preservam a postura correta, sofrerão significativamente menos ou possivelmente nada.

Então, mães e pais, aconselhem seus filhos muito bem na hora de escolher a futura profissão que envolva atividade e não uma que requeira uma vida sedentária.

DICAS

• Faça ajustes quiropráticos para melhorar a mobilidade nas vértebras da coluna. Em caso de escoliose severa essas medidas poderiam retardar a evolução, mas não seriam alternativas à intervenção cirúrgica.
• Faça exercícios regularmente. Muitos pacientes jovens têm recebido melhoras significativas no grau de curvatura simplesmente fazendo exercícios regulares (natação é excelente) combinado com alongamentos específicos que esticam músculos encurtados e fortalecem músculos mais preguiçosos.
• Reconheça que ainda você pode ter uma vida indolor. Se você tem uma coluna escoliótica, sofre dor e toma remédio para “tratar o problema”, por favor, foque no problema real. Aprenda sobre sua escoliose (talvez não seja tão severa quanto imagina); além de fazer exercícios, mova-se em qualquer oportunidade e faça os ajustes quiropráticos regulares. Talvez você vá se poupar da consumação desnecessária de medicamentos para aliviar os efeitos de uma causa estrutural.